sexta-feira, 10 de junho de 2011

Barracão

Imitas morada,
barracão de família,
onde a vigília vem à noite
e descansa
sem lamento,
no relento,
ao chão.

Se bem que te sei fraco,
imundo,
oriundo de profundo fracasso,
da lama te renasço.
E por amor de teu dono,
finjo-me tonta de sono,
deito-me em teu chão,
e palácio te faço 
em vigília de paixão.

E embora tu não vejas,
vejo-te em meu fértil poema.
O rouco passarinho, 
o estridente vizinho.  
O leite derramado, 
a fresta no telhado,
o frio, o dilema:
teu medo de amanhecer tombado.

Nesta intensa emoção 
em que vivo a cada dia
para tirar-te dessa triste moradia,
só temo que teu dono,
por ironia, ou desolação,
não queira minha poesia
de te fazer palácio,
barracão! 


Oldair Marques


4 comentários:

  1. Amei , Dai. Tudo de real e verdadeiro. Siga em frente. Vane.

    ResponderExcluir
  2. Que profundo !Muito bonito !! É o drama de quem tem seu barraco tombado ..

    ResponderExcluir
  3. Parabéns! Somente os poetas têm o dom de expressar,com arte e beleza, as facetas dramáticas da vida. Abraços.
    Walter Gomes de Oliveira.

    ResponderExcluir
  4. Oi mami, tudo de bom esse poema! Amei, "...deito-me em teu chão e palácio te faço..." Queria ter apenas metade desse seu dom ;) Te amo, bjs Di

    ResponderExcluir


Pages - Menu