terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Sereia



Sereia
(Odoiá, minha Mãe!)

Era de manhãzinha,
E era lindo ver.
Meio menina, meio mulher,
meio tudo querendo ser,
  estava ela à beira mar
ao amanhecer.

Com palmas, crisântemos e rosas,
cetim, fitas, perfume e pó de arroz.
Nada mais que gloriosa,
entregou-se toda ao mar.

E foi recebida então
por todo o povo que foi saudar,
de Iansã a Iemanjá.

Por todo o céu,
por todo o mar,
pelo coração dos Orixás.

E ainda solene na areia,
tão docemente sereia,
indolentemente encantada,
sorria feliz, batizada.

E devolveram-lhe à terra morena.
E lhe injetaram ainda na veia, na vida,
a grandeza de ser sereia,
a certeza de ser querida.

Oldair Marques

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