Eu, um imenso rio de água doce
Que quer a ti como se preciso fosse
Que tua grande força, sem aguaceiro,
Enchesse, a transbordar, o meu leito fagueiro.
Tu, esse crescer intenso de amor
Que de mim não necessita para ser senhor
Que tanto é, que tanto faz, que tanto cria
Que nem mesmo sente se eu quero, ou poderia.
Nós, que a ternura da amizade uniu
E a seguir o alvo que ninguém previu,
Sem o abraço, quanto nos abraçamos!
Sem o encontro, quanto nos encontramos!
Eu, ainda eu, sem o teu perceber,
Em permanentes sonhos que ninguém vê,
Sendo um rio que todo a ti se oferece,
Sou mesmo a gota d’água que em tua ausência fenece.
Oldair Marques