Deixa-me querer-te
parte do meu abandono,
inteiro do meu pequeno mundo
ainda sem dono.
Se dona não queres ter,
se dono não queres ser,
deixa-me a esperança
do teu querer,
do amor que tudo alcança
e que a si próprio todo se lança
para bem viver.
Nesta tentativa de te fazer poesia,
só quero querer-te
presença de vida vadia,
manifesto de paz,
suave alegria.
Deixa-me querer-te
supremo encanto do meu
pacífico pensamento.
Assim, em algum lugar
do momento,
pertences, não a mim,
ao nosso encontro do dia.
És dono, não de mim,
da nossa doce fantasia.
Oldair Marques