sábado, 27 de agosto de 2011

Dona Fantasia




Deixa-me querer-te
parte do meu abandono,
inteiro do meu pequeno mundo
ainda sem dono.

Se dona não queres ter,
se dono não queres ser,
deixa-me a esperança
do teu querer,
do amor que tudo alcança
e que a si próprio todo se lança
para bem viver.

Nesta tentativa de te fazer poesia,
só quero querer-te
presença de vida vadia,
manifesto de paz,
suave alegria.

Deixa-me querer-te
supremo encanto do meu
pacífico pensamento.
Assim, em algum lugar
do momento,
pertences, não a mim,
ao nosso encontro do dia.
És dono, não de mim,
da nossa doce fantasia.

Oldair Marques


A Reforma



O marceneiro invocado,
sabe ser bem diferente.
Tem mulher atrapalhada
sendo sua paciente.
E a sua lá de casa
pensando que é só cliente.

O Zé Grande que se cuide
e trate de bem fazer
porque o chefe lhe pega,
dando fim à amizade,
se a luz não acender.

O pintor só vai de branco,
mas a cor é encarnada.
Sua alma é transparente,
tem dente pra dar risada.
Essa turma se esbalda,
e sobremesa é gargalhada.

O Neguinho, esse sonha
com a menina namorar,
deixa o tijolo de lado e
dana a cochilar.
Esse pequeno que acorde
pro Baiano não brigar.

O porteiro, empresário,
não sabe mais o que faz:
ora atende ao locatário,
ora é o Baiano que vai.

E naquele lugar animado,
onde mora uma pantera,
tudo é muito combinado.
Tem suco e cafezinho,
tem bolo e até beijinho,
pra acalmar cabra zangado.

É uma turma muito unida
e seu Santinho não nega:
que seria desta vida,
não fosse essa euforia
o tempero da peleja?

E assim vive essa gente,
sem precisar de socorro.
Mas quando o negócio aperta,
no comando do Baiano,
vira tudo “fi de corno!.”

Oldair Marques












quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Silêncio!


Para o meu riso.
Para o meu choro,
meu decoro,
meu falar.
Silêncio para amar.

Silêncio!
Por um momento,
não quer lamento, 
nem em vão silenciar.

Silêncio!
Não para emudecer
e de todo morrer.
Silêncio para viver.

Silêncio
para o sono 
e o acordar.

Silêncio!
Para o dono da beleza,
Senhor Pai da Natureza,
silencioso, falar.

Oldair Marques




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