quarta-feira, 14 de setembro de 2011
sábado, 27 de agosto de 2011
Dona Fantasia
Deixa-me querer-te
parte do meu abandono,
inteiro do meu pequeno mundo
ainda sem dono.
Se dona não queres ter,
se dono não queres ser,
deixa-me a esperança
do teu querer,
do amor que tudo alcança
e que a si próprio todo se lança
para bem viver.
Nesta tentativa de te fazer poesia,
só quero querer-te
presença de vida vadia,
manifesto de paz,
suave alegria.
Deixa-me querer-te
supremo encanto do meu
pacífico pensamento.
Assim, em algum lugar
do momento,
pertences, não a mim,
ao nosso encontro do dia.
És dono, não de mim,
da nossa doce fantasia.
Oldair Marques
A Reforma
O marceneiro invocado,
sabe ser bem diferente.
Tem mulher atrapalhada
sendo sua paciente.
E a sua lá de casa
pensando que é só cliente.
O Zé Grande que se cuide
e trate de bem fazer
porque o chefe lhe pega,
dando fim à amizade,
se a luz não acender.
O pintor só vai de branco,
mas a cor é encarnada.
Sua alma é transparente,
tem dente pra dar risada.
Essa turma se esbalda,
e sobremesa é gargalhada.
O Neguinho, esse sonha
com a menina namorar,
deixa o tijolo de lado e
dana a cochilar.
Esse pequeno que acorde
pro Baiano não brigar.
O porteiro, empresário,
não sabe mais o que faz:
ora atende ao locatário,
ora é o Baiano que vai.
E naquele lugar animado,
onde mora uma pantera,
tudo é muito combinado.
Tem suco e cafezinho,
tem bolo e até beijinho,
pra acalmar cabra zangado.
É uma turma muito unida
e seu Santinho não nega:
que seria desta vida,
não fosse essa euforia
o tempero da peleja?
E assim vive essa gente,
sem precisar de socorro.
Mas quando o negócio aperta,
no comando do Baiano,
vira tudo “fi de corno!.”
Oldair Marques
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