Sereia
Era de manhãzinha,
E era lindo ver.
Meio menina, meio
mulher,
meio tudo querendo ser,
lá estava ela à beira mar
ao amanhecer.
Com palmas, crisântemos
e rosas,
cetim, fitas, perfume e
pó de arroz.
Nada mais que gloriosa,
entregou-se toda ao mar.
E foi recebida então
por todo o povo que foi
saudar,
de Iansã a Iemanjá.
Por todo o céu,
por todo o mar,
pelo coração dos Orixás.
E ainda solene na areia,
tão docemente sereia,
indolentemente
encantada,
sorria feliz, batizada.
E devolveram-lhe à terra
morena.
E lhe injetaram ainda na
veia, na vida,
a grandeza de ser
sereia,
a certeza de ser
querida.
Oldair Marques