Quis ser o céu, quis ser a terra,
quis ser o mar, o ar, o fogo,
o todo de único tema.
Mas tudo que quis,
todo poeta foi em seu poema.
Fui você, para não plagiar.
Fui eu, no espelho,
me plagiando a imagem.
Fui o movimento, a revirada.
Fui o outro. Terminei sendo o nada.
Quis ser inteira, quis ser metade.
Quis ser quem chega,
quis ser quem parte.
E para não ser quem imita,
fui quem morre, fui quem fica.
E ainda projetada no espelho,
cópia da própria vida,
me esperei na chegada
e embarquei na partida.
Quis ser eu. Quis ser Deus.
Quis ser exclusivo pensamento.
Acabei sendo o imitável universo,
a visão que alcanço.
Sou, enfim, o meu verso.
Oldair Marques
Oldair Marques