segunda-feira, 20 de junho de 2011

Emoção




No coração, capital do amor,
eis que surjo como um aceso balão
em noite de São João no interior.

Sobe, sobe alto meu balão!
Livra dos véus este devaneio,
passeio de recordação.

Sobe até os lábios seus esta euforia
do que seria se então
caísses nos braços meus.

Meu glorioso senso de vibrante,
de inesquecível paixão!
Quero ver-te em brasa permanente,
insensato desrespeito à ilusão,
como se diário fosse em peito
o dia da emoção.

Oldair Marques

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Barracão

Imitas morada,
barracão de família,
onde a vigília vem à noite
e descansa
sem lamento,
no relento,
ao chão.

Se bem que te sei fraco,
imundo,
oriundo de profundo fracasso,
da lama te renasço.
E por amor de teu dono,
finjo-me tonta de sono,
deito-me em teu chão,
e palácio te faço 
em vigília de paixão.

E embora tu não vejas,
vejo-te em meu fértil poema.
O rouco passarinho, 
o estridente vizinho.  
O leite derramado, 
a fresta no telhado,
o frio, o dilema:
teu medo de amanhecer tombado.

Nesta intensa emoção 
em que vivo a cada dia
para tirar-te dessa triste moradia,
só temo que teu dono,
por ironia, ou desolação,
não queira minha poesia
de te fazer palácio,
barracão! 


Oldair Marques


terça-feira, 24 de maio de 2011

Poema de Amor


Se ontem pedi para encontrar
e, não sei porque,
roguei em vão.
Se de noite reforcei a súplica,
promessas
que ainda não posso cumprir,
e enternecido com tanta busca,
meu coração hesita em ir
nesta vaga dor, Senhor!
Hás de entender, por certo,
se antes do dia eu for.

Em última instância, porém,
te peço:
não me negues a alegria de esperar.
Recorro por aquela que nunca fenece.
Faze, pelo menos,
com que eu vá seguindo
e, desde que indo,
nunca canse de procurar
o amor que rezo nesta prece.

Seja só isto um poema de amor.


Oldair Marques




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