terça-feira, 11 de outubro de 2011

Viajante



Andei e,
até ontem,
tudo que vi 
não me impediu 
de continuar. 
E ando, então, até aqui.

Andei
até hoje, 
e tudo que senti 
nem suficiente é 
por tudo que pressenti.

E penso andar ainda.
E nem sei do porto.

Andarei assim 
até que não me comporte mais
o quadrante.

Serei, como então, 
andante, 
que lança versos grátis 
no mercado ambulante.
Um certo camelô 
que foge do rapa, 
mesmo dando amor.

Andando nesta viagem 
Passageira, 
Viajante é o que sou.

Oldair Marques

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Beije-o!


Beije-o!

Onde os beijos
que ele tanto pedia?
Não eras tu
que os impregnava
de lascívia?
Não eras tu
que os dava
quando nos braços
de Eros dormias?

Fica de bem
com a fantasia, mulher!
Deixa-te sonhar de novo,
apesar da lida.
Mais vale o eterno
encanto da promessa,
que o efêmero
beijo da despedida.

Oldair Marques

sábado, 27 de agosto de 2011

Dona Fantasia




Deixa-me querer-te
parte do meu abandono,
inteiro do meu pequeno mundo
ainda sem dono.

Se dona não queres ter,
se dono não queres ser,
deixa-me a esperança
do teu querer,
do amor que tudo alcança
e que a si próprio todo se lança
para bem viver.

Nesta tentativa de te fazer poesia,
só quero querer-te
presença de vida vadia,
manifesto de paz,
suave alegria.

Deixa-me querer-te
supremo encanto do meu
pacífico pensamento.
Assim, em algum lugar
do momento,
pertences, não a mim,
ao nosso encontro do dia.
És dono, não de mim,
da nossa doce fantasia.

Oldair Marques



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