sábado, 27 de dezembro de 2014

Vem, amor!






Vem, amor!

Meu corpo com o “oito maia”
te surpreenderá.
Dançarei sim.
dançarei
para te encantar.

Vem, amor!
Sei rezas e unguentos
que curam qualquer lamento.
Se for ferida de amor,
então nem se fala!
tenho magia nas mãos
que do coração exala.
Serve também pra feitiço,
quebrantos e mil mazelas.

Vem, amor!
Desfarei todas elas.

Os versos tristes que escrevo
são fingimentos de poeta,
que diz que dia é noite
e noite é dia.
Tudo inventa, tudo exagera
na magia dos versos,
só pra fazer poesia.

Vem, amor!
Não se intimide!
É disso que a alma vive.

Também sei fazer rir
e ser deveras radiante.
Te esperarei com festas e
presentes, da simplicidade
da  mirra ao eterno diamante.

Vem, amor!


Oldair Marques

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Sereia



Sereia
(Odoiá, minha Mãe!)

Era de manhãzinha,
E era lindo ver.
Meio menina, meio mulher,
meio tudo querendo ser,
  estava ela à beira mar
ao amanhecer.

Com palmas, crisântemos e rosas,
cetim, fitas, perfume e pó de arroz.
Nada mais que gloriosa,
entregou-se toda ao mar.

E foi recebida então
por todo o povo que foi saudar,
de Iansã a Iemanjá.

Por todo o céu,
por todo o mar,
pelo coração dos Orixás.

E ainda solene na areia,
tão docemente sereia,
indolentemente encantada,
sorria feliz, batizada.

E devolveram-lhe à terra morena.
E lhe injetaram ainda na veia, na vida,
a grandeza de ser sereia,
a certeza de ser querida.

Oldair Marques

sábado, 9 de novembro de 2013

Devaneio


Devaneio

Ah! Estes tentadores pensamentos!
Quando por um instante arrebentam,
vivem em corações nunca antes nascidos,
explodem de ciúmes diante do amor idealizado,
e frequentemente choram por motivos desmerecidos.

E o pior de tudo que encerram,
quando vivem, explodem e choram,
é que me transformam em dois entes desesperados,
dependentes de um pouco de sono acordado,
infantilmente envolvidos pela ilusão de serem amados.

Ah! Estes pensamentos que aos teus envolvem,
embora nem sequer existas,
que a ambos nos arrastam indolentemente
a uma vida inteira de amor durante um segundo!
Nem sei se são meus. Residem de graça em minha mente.


Oldair Marques


Credito:
Imagem: Reid Robert Lewis 
Obra : Reverie

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Olha mais!



Olha mais!

Quem me vê 
assim pequenina,
nem sequer imagina
a gigante que
mora em mim.

Quem me vê
assim tão fútil,
nem pressente
a sabedoria que se esconde
em minha mente.

Quem me vê
assim em desperdício,
não alcança
a bondade suprema que
que dentro de mim
reclama exercício.

Quem me vê
assim grosseira e rude,
não sabe que estou
às avessas.

Lá dentro
ela é ternura persuasiva.
Diz-me que sou eu,
que quer vida.

Quem me vê 
assim em conflito,
nem de longe conjectura
o quanto me esforço
para acreditar
nesta criatura.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

omissão



Omissão 

Protege-me, Senhor Deus!
Não na luta torturante
pela sobrevivência,
pois que assim
eu sou Contigo.

Clemência, eu peço.
Não ainda ante os dissabores
da perda delirante
dos amores,
porque em Ti
me recomponho.

E não também
ante a irreverência da fome,
porque sedento 
é que Contigo
se funde o homem.

Protege-me, então,
quando omissa me ponho.
Quando me procuro
e não acho voz.
Quando os falsos grandes
se despejam, fartos de 
podre emoção,
e sufocam a liberdade
do meu sonho.
Quando minha vez,
covardemente ameaçada,
não se sustenta.

Protege-me.
Quando eu nada posso fazer
e me calo, e me entrego,
e concordo, e assino,
e, cruelmente, me deixo corromper.



Oldair Marques Oliveira

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Meu caso




Meu caso

E se um dia
meu corpo
todo curvar.
E se tuas mãos
não puderem mais
erguê-lo à
leveza do ar.
E se eu me
limitar à dança
da quietude,
à lerdeza dos
dias mornos.
Ainda assim,
vem!
Vem ver minh’alma
de caso com
a juventude.


Oldair Marques Oliveira

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Poesia


Poesia

Fiz-te encantamento.
De um pouco momento,
fiz crescido
o sentimento.

Fiz-te inteira parte 
de viver, de querer. 
Arte de ser moradia 
de quieta e doce fantasia.

Fiz-te carnaval
de longa semana.
Festival de um eu sozinho 
d’onde o outro emana.

Fiz-te amor.
Vadia promessa de esperança
que agora, em si, se fecha
e não te alcança.

Fiz-te poesia.
De tua irônica passagem,
fiz paz, fiz beleza,
fiz-te, Poesia!

Oldair Marques

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Parabéns!


Parabéns!

Dia santo,
dia de ação de graças,
dia do rosário,
dia do teu aniversário!

E, por todos esses dias
que tens – parabéns!
tenho eu
o dia do encontro marcado,
o dia do pecado.

Dias de abril!
Um dia mais outro depois...
Dias de acácias floridas
que cantam
parabéns  pra nós dois.

Oldair Marques

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O sonho da estrela



O sonho da estrela

Aquela estrela que brilha,
No alto do seu altar,
Um dia já brilhou mais,
Hoje não quer mais brilhar.

Do alto, onde só reza,
Vê o mundo se alegrar,
Vê o caboclo que preza
E sonha com ele estar.

Não é lamento o que sente
Quer, porém, se transformar.
Ai! Quem dera fosse gente!...
Hoje não quer mais brilhar.

Oldair Marques

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Profecia



Profecia

Quero ver o sol nascer
de dia, de noite, dentro de você.
Quero preencher todo momento
de fantástica alegria.

Profetiza, minha poesia.

Quero ver você sereno,
pleno de bem querer.
Quero todos amados, 
ternos, calados de berros.

Quero ser o compasso da harmonia.
Quero assim sempre querer.
Ah! pelo menos isto,
profetiza minha poesia.

Quero viver.
Quero ver tudo renascer.
Até mesmo o dia em que eu morrer, 
há de fazer-se manhã de sol
se noite fria for,
há de acrescentar vida
ao que atrás ficou.

Profecia,
belamente profetiza,
minha doce poesia.

Oldair Marques

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Nosso time



Minhas vestes?
Rubro-negra.
As tuas,
branca e preta.

Enquanto vibro de alegria,
tu choras.
E, embora sem destreza,
tocas tua corneta
no dia da minha tristeza.

De brincadeira em brincadeira,
os dias passam amenos.
E o melhor de tudo
nessa lida
é vestirmos, ambos,
nossa mais fiel bandeira.
E comemorarmos juntos
a vida,
à brasileira.

Oldair Marques



domingo, 13 de novembro de 2011

Em tempo de viver





Em tempo de viver

Ainda que pareça tarde,
é cedo para começar
em tempo de amar.

Ainda que pareça cedo,
é tarde para consertar
em tempo de recomeçar.

Ainda que pareça impróprio, 
é impróprio assim pensar
em tempo de se dar.

Ainda que pareça em vão,
é mediocridade parar
em tempo de continuar.

Ainda que pareça impossível, 
que o caminho se insinue
longe e indefinido,
não é nobre deter a esperança,
a fantasia,
o sonho desta poesia
Em tempo de viver.

Oldair Marques

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Viajante



Andei e,
até ontem,
tudo que vi 
não me impediu 
de continuar. 
E ando, então, até aqui.

Andei
até hoje, 
e tudo que senti 
nem suficiente é 
por tudo que pressenti.

E penso andar ainda.
E nem sei do porto.

Andarei assim 
até que não me comporte mais
o quadrante.

Serei, como então, 
andante, 
que lança versos grátis 
no mercado ambulante.
Um certo camelô 
que foge do rapa, 
mesmo dando amor.

Andando nesta viagem 
Passageira, 
Viajante é o que sou.

Oldair Marques

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Beije-o!


Beije-o!

Onde os beijos
que ele tanto pedia?
Não eras tu
que os impregnava
de lascívia?
Não eras tu
que os dava
quando nos braços
de Eros dormias?

Fica de bem
com a fantasia, mulher!
Deixa-te sonhar de novo,
apesar da lida.
Mais vale o eterno
encanto da promessa,
que o efêmero
beijo da despedida.

Oldair Marques

sábado, 27 de agosto de 2011

Dona Fantasia




Deixa-me querer-te
parte do meu abandono,
inteiro do meu pequeno mundo
ainda sem dono.

Se dona não queres ter,
se dono não queres ser,
deixa-me a esperança
do teu querer,
do amor que tudo alcança
e que a si próprio todo se lança
para bem viver.

Nesta tentativa de te fazer poesia,
só quero querer-te
presença de vida vadia,
manifesto de paz,
suave alegria.

Deixa-me querer-te
supremo encanto do meu
pacífico pensamento.
Assim, em algum lugar
do momento,
pertences, não a mim,
ao nosso encontro do dia.
És dono, não de mim,
da nossa doce fantasia.

Oldair Marques


A Reforma



O marceneiro invocado,
sabe ser bem diferente.
Tem mulher atrapalhada
sendo sua paciente.
E a sua lá de casa
pensando que é só cliente.

O Zé Grande que se cuide
e trate de bem fazer
porque o chefe lhe pega,
dando fim à amizade,
se a luz não acender.

O pintor só vai de branco,
mas a cor é encarnada.
Sua alma é transparente,
tem dente pra dar risada.
Essa turma se esbalda,
e sobremesa é gargalhada.

O Neguinho, esse sonha
com a menina namorar,
deixa o tijolo de lado e
dana a cochilar.
Esse pequeno que acorde
pro Baiano não brigar.

O porteiro, empresário,
não sabe mais o que faz:
ora atende ao locatário,
ora é o Baiano que vai.

E naquele lugar animado,
onde mora uma pantera,
tudo é muito combinado.
Tem suco e cafezinho,
tem bolo e até beijinho,
pra acalmar cabra zangado.

É uma turma muito unida
e seu Santinho não nega:
que seria desta vida,
não fosse essa euforia
o tempero da peleja?

E assim vive essa gente,
sem precisar de socorro.
Mas quando o negócio aperta,
no comando do Baiano,
vira tudo “fi de corno!.”

Oldair Marques












quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Silêncio!


Para o meu riso.
Para o meu choro,
meu decoro,
meu falar.
Silêncio para amar.

Silêncio!
Por um momento,
não quer lamento, 
nem em vão silenciar.

Silêncio!
Não para emudecer
e de todo morrer.
Silêncio para viver.

Silêncio
para o sono 
e o acordar.

Silêncio!
Para o dono da beleza,
Senhor Pai da Natureza,
silencioso, falar.

Oldair Marques



domingo, 31 de julho de 2011

Tu, inspiração



Eu, um imenso rio de água doce
Que quer a ti como se preciso fosse
Que tua grande força, sem aguaceiro,
Enchesse, a transbordar, o meu leito fagueiro.

Tu, esse crescer intenso de amor
Que de mim não necessita para ser senhor
Que tanto é, que tanto faz, que tanto cria
Que nem mesmo sente se eu quero, ou poderia.

Nós, que a ternura da amizade uniu
E a seguir o alvo que ninguém previu,
Sem o abraço, quanto nos abraçamos! 
Sem o encontro, quanto nos encontramos! 

Eu, ainda eu, sem o teu perceber,
Em permanentes sonhos que ninguém vê,
Sendo um rio que todo a ti se oferece,
Sou mesmo a gota d’água que em tua ausência fenece.

Oldair Marques       




sábado, 16 de julho de 2011

O amor não passou




Não. Não passou.
Passaram-se anos,
séculos, 
e tua ausência perdurou.

Passaram-se todas
as vidas,
que nesta contenho,
depurando-me
sem tua presença.

Não. Não passou.
Ainda contenho,
de tantas vidas,
multidões de ti
que me invadem
de amor.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Furto noturno



Sabe?!
Aqueles teus beijos
que, julgando-os meus,
disse que me devias?

Nem te conto!
Fiz coisa incomum.
Furtei-os todos
na calada da noite,
na tua ausência em meus dias.

Hoje,
não me deves nenhum.


Oldair Marques

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